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Arquitetos: Manuel Bouzas
- Área: 120 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Luis Diaz
Descrição enviada pela equipe de projeto. Cabane 7L é um observatório projetado por Manuel Bouzas para a terceira edição do Festival des Cabanes na Villa Medici, em Roma. Localizado em um dos pontos mais altos da Cidade Eterna, o Cabane 7L é um observatório que conecta o horizonte aos jardins da Villa Medici, a Academia da França em Roma. Nestes jardins renascentistas, o projeto oferece a oportunidade de subir até o nível das copas das árvores, descobrindo assim uma vista panorâmica única.
Construída inteiramente em madeira de abeto, esta instalação efêmera recebe visitantes, residentes e artistas com o objetivo de revitalizar um dos lugares mais icônicos da cidade. Ela abrigará diversos eventos culturais, incluindo performances, concertos e conversas. O projeto, feito por Manuel Bouzas em colaboração com a Librairie 7L e CHANEL, faz parte da edição de 2024 do Festival des Cabanes. Este festival de verão reúne seis instalações diferentes para transformar os jardins da Academia Francesa em um laboratório de experimentação arquitetônica. Com instalações construídas principalmente com madeira, o festival gira em torno do conceito da cabana, servindo como plataforma de diálogo entre arquitetura, paisagem, arte e design.
Uma homenagem aos jardins da Villa Medici. A origem conceitual do projeto nasce do entendimento do contexto topográfico e histórico onde se encontra. No século XVI, nos arredores da antiga Roma, Ferdinando I de Medici transformou a residência do cardeal Ricci, na colina do Píncio, em uma vila renascentista conhecida por sua arquitetura e jardins. Desde o estabelecimento da Academia da França no início do século XIX, gerações e gerações de romanos testemunharam a evolução dos jardins da academia, que desenham sua icônica silhueta de pinheiros. Por outro lado, a pergunta que o projeto levanta é: o que essas árvores observaram ao longo destes séculos?
A instalação consiste em um espaço público que flutua na altura das copas das árvores da Villa Medici. Árvores que, apesar de terem crescido ali por séculos, não permanecerão para sempre. A estrutura é composta por seis pórticos de madeira que sustentam duas plataformas: uma ao nível do solo e outra a 7 metros de altura. A primeira dá as boas-vindas aos visitantes e abriga eventos públicos, enquanto a segunda funciona como mirante. Possui uma mesa de piquenique, cadeiras de balanço e bancos que permitem aos visitantes desfrutar de um descanso no caloroso verão romano. Uma escada linear, construída com CLT, marca a estrutura diagonalmente, replicando o mesmo número de degraus da histórica escada helicoidal dentro do palácio.
A estrutura culmina em um telhado em forma de "V" que protege o observatório do sol e da chuva, fornecendo sombra e recebendo a brisa que sopra sobre a colina. O projeto foi criado para ser montado e desmontado, e para garantir a resistência ao vento sem fundações, são instalados 16 bolsas de armazenamento de água de 260 litros sob a plataforma. O projeto é construído com abeto laminado com certificação sustentável. Metade do peso da estrutura é o CO2 capturado da atmosfera durante a fotossíntese. Todas as vigas foram processadas industrialmente na Espanha pela SIDO Madera e montadas no local através de encaixes, evitando a necessidade de alternativas mais complexas e poluentes como as ferragens de aço.
A madeira foi enviada por navio para Roma, reduzindo significativamente as emissões de carbono em comparação com outras formas de transporte como caminhões ou trens. Isso permite reconsiderar os limites do local ao trabalhar com materiais sustentáveis. Uma vez em Roma, a leveza das vigas e sua pré-fabricação permitiram a instalação manual com uma ou duas pessoas, reduzindo custos, tempo e riscos. A construção foi concluída em apenas cinco dias.